quarta-feira, 20 de abril de 2011


É um tanto frustrante ter tantas coisas pra dizer ensaiadas no meu coração e perder as palavras quando preciso usá-las. Por mais que aqui eu pareça segura, a sua presença é mais do que suficiente pra dissolver o meu chão, e, na iminência de cair - antes num abismo que nesse seu jeito tão sutil de me deixar desconcertada -, acabo me transformando numa boba sorridente que não lembra nem do próprio nome. Infinitos assuntos nesse mundo, milhares de coisas não ditas, milhares de coisas importantes e muitas e muitas milhares de coisas nem tão importantes assim... dentre tudo isso, eu só precisava de um fio de ideia que me trouxesse de volta a voz. Foi então que descobri alguma força inexplicável que irradia de você e me mantém anestesiada, com os olhos desfocados e esse sorriso brincando a contragosto em meus lábios. Essa força que destrói as minhas bases e me faz vulnerável é a mesma que não me permite ir embora de repente, jogar tudo pro alto, te largar no meio do caminho, no meio da minha vida, pra que o tempo se encarregue de me levar adiante e te deixar pra trás.
Eu nunca te disse, porque esse é o meu jeito de ser tímida e gostar de alguém, mas quem sabe uma hora a gente se esbarre de vez e você também se dê conta desse tal ímã invisível chamado amor.

sexta-feira, 15 de abril de 2011


Despercebidamente, cada coisa é colocada em seu devido lugar. Parece que a organização é uma parte fundamental no caos do dia a dia, desse jeito contraditório. Assim, enquanto tudo se ajeita, sou levada a seguir a ordem e entrar nessa espécie de prateleira onde livros completamente diferentes compartilham um espaço cuidadosamente separado, guardando histórias únicas que, em meio a tantas e fechadas em suas páginas, não saltam realmente aos olhos. Eu sou mais uma, alguma outra.
Esse meu quarto bagunçado não é apenas fruto do descuido que carrego desde sempre. É um dos poucos lugares em que eu existo em todos os cantos, nos casacos jogados, nas folhas perdidas, na montanha de livros, nos desenhos e bilhetes pregados na parede, canetas, chaves, moedas, enfeites, travesseiros e porcarias que não serviriam a mais ninguém. São nessas besteiras que me agarro e é nelas que me escondo. Ainda que ocupando o meu habitual e incômodo pedaço de prateleira, pra mim basta o quarto mal arrumado pra dar vida à minha história, igualmente desajeitada.

sábado, 9 de abril de 2011

Two Door Cinema Club


Três garotos com cara de nerd e uma banda de indie rock. Quais são as chances de isso dar certo? No caso de Two Door Cinema Club, todas. Sam Halliday, Alex Trimble e Kevin Baird são os componentes do grupo que lançou seu primeiro álbum no ano passado, mas começou a despertar a curiosidade do público logo em 2007, quando foi formado. Tourist History é o trabalho de estréia da banda, altamente viciante, com músicas feitas sob guitarras frenéticas e uma pegada dançante irresistível. O single Something Good Can Work foi o que me levou a descobrir Two Door Cinema Club, além de ser o primeiro emplacado pela banda. A versão que achei não era original, mas sim um acústico, que pode ser assistido aqui.
Essa é a versão original:


Confira também Costume Party e What You Know. Depois disso, vai ser difícil não ouvir o álbum inteiro da banda e ainda mais difícil parar.

sábado, 2 de abril de 2011

Despercebido


Ficou tão comum não te olhar nos olhos que agora é fácil passar ao seu lado e mirar o relógio sem realmente ver as horas, ou fingir estar distraída pra não notar sua presença mesmo quando você está a dois metros de distância. Só é desconcertante não te conhecer mais, tão esquisito que às vezes me pergunto se deveria te dizer meu nome, como quem se apresenta por educação a alguém que nunca vai entrar realmente em sua vida. De novo.
Nem percebi quando parei de ouvir sua voz, quando nos tornamos esses fantasmas, um apagado no rosto do outro. Hoje, me contento em andar por aí fingindo não ter a mínima ideia de quem você seja, escondendo até de mim que conheço suas verdades e seu jeito de ser. E fico aqui pensando se, do mesmo modo que algumas coisas suas deixadas na minha vida me vêm à memória quando te vejo, você também se lembra que eu sinto cócegas nas costelas, ou fico com covinhas quando abro um sorriso, ou ainda que gosto de rock. Acho que essas lembranças sejam uma perda de tempo e espaço na sua cabeça, e você já as tenha substituído por outras melhores. Esquecer eu já esqueci, não das suas bobagens, mas do jeito que um dia eu olhei pra você e senti admiração por quem você foi. Agora, mesmo que se passem muitos outros dias assim, sem poder te dizer um 'oi' e não ficar sem jeito, é por saber que você ainda está ali que quando eu olhar subitamente pro relógio, são os seus passos que o tique-taque baixinho vai estar marcando.