sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Ploc.


Hoje eu só quero as coisas mais ínfimas que esse mundo pode me dar. Vou me desligar agora, por 5 minutos ou por várias horas, não pretendo estar a par das tristezas que não as minhas próprias. Estarei na varanda, tomando um café e vendo a chuva cair. E que caia uma tempestade, que o mundo se desfaça em água e todas as tragédias sejam finalmente resumidas a nada. Vou esperar aqui, paciente como sempre, até que a última gota se misture às minhas lágrimas pra lavar todo o mal que meus olhos ainda podem ver. Se a chuva abrandar e escorrer lentamente do céu, ficarei pedindo em silêncio que ela nunca cesse. E se dali eu tirar toda a inspiração pra minhas histórias, o que sobrará aos corações alheios? Decidi que não posso falar apenas da chuva, as palavras acabam e muito pouco é dito; posso apenas observá-la, pois é o único modo de encontrar respostas onde não há sem deixá-la perder a essência.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

O Anônimo


Continuo me repreendendo por reparar em seus olhos. Passei a evitá-los, com medo de que ele pudesse ler as palavras gravadas em minha alma e descomplicar a minha complicação característica. Mas apesar do olhar conservar a mesma intensidade e o mesmo tom de verde, ele já não é o mesmo. Não o conheço mais, talvez nem ele conheça a pessoa na qual se transformou. Eu, particularmente, gostava mais do bobo sincero de sorriso fácil do que esse estourado inconsequente que parece se irritar com tudo e com todos.
De qualquer forma, eu não devia me importar. Fiz isso por muito tempo e acabei falando com as paredes. Por fim, até elas se cansaram da minha ladainha, não moralista ou exemplar, simplesmente respingada de bom senso. Pra ele, que sempre teve idade suficiente pra cuidar do próprio umbigo, não parece incômodo dirigir um comentário ácido a torto e a direito. Pra mim, encarregada de observá-lo só por prazer, é especialmente desagradável vê-lo tão instável e hostil, sabendo que aqueles olhos já ostentaram o brilho que eu tanto amava; em dias melhores, havia ali algo de cúmplice, algo que já não tenho forças pra procurar.

terça-feira, 12 de outubro de 2010


Descobri que é muito improvável que um dia eu vá ser lembrada por um grande feito. A questão não é ser admirada, é simplesmente poder ajudar de alguma forma. Às vezes, é como se o mundo girasse e eu só pudesse assistir, impotente, inerte, pasma até. Os loucos, os ambientalistas, os padres, os físicos e os poetas dizem que cada pequena escolha, até a de se manter em silêncio, representa uma grande mudança no futuro. Quer dizer duas coisas. Primeira: você é dono de si e pode muito bem escolher o futuro que quer ter e, de brinde, precisa arcar com suas consequências. Segunda: você não é dono nem do próprio nariz, afinal de contas, o futuro não depende só da sua opinião e existem mais 7 bilhões que precisam ser levadas em conta.
Então, comecei a mudar minhas prioridades. De nada vai adiantar minha revolta muda com os pequenos transtornos do cotidiano, minha indignação pelas escolhas alheias não tem a menor importância. Não é assim que se muda o mundo. Talvez eu devesse partir de uma conversa, talvez o início fosse uma confissão, um segredo, um desabafo, uma declaração. Descobri que a atenção que posso dedicar a alguém tem o poder de ser decisiva naquele momento, naquela vida, naquele coração. Pra mudar o mundo inteiro, quem sabe começando pelo mundo de alguém.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Suas opções


Quero que você saiba que eu não vou estar aqui pra sempre. Então, se tem algo pra me dizer, que seja agora. Decida o meu, o seu e talvez o nosso futuro de uma vez, não espere mais o momento certo, ele nunca vai chegar - nós somos as pessoas erradas. Seja lá o que for dizer, que seja em uma frase curta e direta, que não dê espaço para reações exageradas ou escândalos totalmente desnecessários. Você tem duas opções.

1. Acho que acabamos por aqui.
É, vai ser ruim. Você sabe que vou sentir sua falta, mas tenho uma grande capacidade de adaptação. Além do mais, aprendi a conviver com a dor, aprendi a aceitá-la quando vier, aprendi a aprender com ela. Eu vou sobreviver. Queria que você tivesse tanta dificuldade quanto eu pra dizer adeus, mas, cá entre nós, você já está acenando ao longe, e logo verei sua figura desaparecendo à distância e se misturando com o horizonte, pela última vez. Se por acaso sentir minha falta, afaste depressa esse pensamento e não olhe pra trás. Não tente voltar, pois eu não estarei te esperando no ponto em que você me deixou.

2. Eu te amo.
Eu também.

domingo, 10 de outubro de 2010

Ame-a


Pois ame-a.
Ame-a e declare-se todos os dias. Não dê apenas flores ou chocolates, não há perfume nem sabor se não houver a sinceridade em seu gesto. Agora que tem liberdade e oportunidade, diga a ela aquelas frases bonitas que você ensaiou por tanto tempo e não tinha a quem contar. Ame-a. Ame-a com o amor que você aprendeu a guardar quando ninguém olhava, ame-a com cada nota da sua música ruim, ame-a com seus olhos - que eu vejo persegui-la sempre com a mesma ansiedade. Ela não é indiferente, não é fria, não é apática, não é distante; ela retribui cada sorriso seu com outro ainda mais carinhoso. Então ame-a muito, e ame cada segundo com ela.
Ame-a quando ela estiver certa, ame-a quando estiver errada; ame-a nos dias de sol assim como nos de chuva; ame-a se quando ela estiver feliz, triste, cansada, animada, esperançosa ou desiludida; ame-a mesmo quando ela disser não querer ser amada - lembre-a e a si mesmo que ela nunca soube mentir direito.
Só mais uma coisa. Não sinta saudades, não lamente nenhum momento vivido antes de tê-la em seus braços. Era apenas outra vida, sem cor, sem sentido, jogada por aí à espera do vento pra seguir em frente. Agora, talvez você continue sem saber pra onde vai, mas sabe com quem deve estar.

sábado, 9 de outubro de 2010


E as opções que poderiam ter aparecido? Talvez eu me arriscasse a qualquer segundo. O garoto tímido, perfeito para esse meu jeito de tentar descobrir o que se passa no caração das pessoas; o garoto nerd, que teria um futuro brilhante e conheceria todos os livros que já li; o garoto sério, que faria de mim alguém mais centrada e de poucas palavras; o garoto preocupado, que não se esqueceria de me lembrar dos compromissos.
Acontece que o garoto tímido nunca me contaria seu dia bom ou ruim, como você me contou. O garoto nerd não se daria ao trabalho de ouvir minhas idiotices, como você ouviu. O garoto sério não me faria sorrir, como você fez. O garoto preocupado não saberia a hora de parar o mundo e olhar nos meus olhos, como você olhou.
Mesmo que eu tivesse todas as afinidades possíveis com alguém, estaria incompleta. Ninguém precisa de um espelho. O que eu quero é esse jeito que te torna tão diferente de mim, tão único.

domingo, 3 de outubro de 2010


Sabe de uma coisa? Até o maior dos poetas se cansa de escrever sobre a dor. Definitivamente, não tenho grande habilidade com as palavras, mas cansei de direcionar as minhas sempre para o mesmo discurso de menina frágil e infeliz, que se submete ao sofrimento esperando por um amor que nunca vem. Acho que outras garotas já chegaram ou mesmo irão chegar a esse ponto, é uma questão de tempo. Todas nós merecemos descobrir que a solução não é abdicar das oportunidades de ser feliz, mas sim saber reconhecer quando elas deixam de ser promissoras e se tornam infrutíferas. Quanto mais demorarmos pra entender isso, mais lágrimas ficarão incontidas nos olhos, mais tempo será jogado no lixo, mais vezes voltaremos à conclusão de que um é melhor do que dois - e no fundo sabemos que isso não é verdade.
Se escrever sobre as mágoas acumuladas no caminho for uma válvula de escape, não há motivos para deixar de fazê-lo. Mas se escrever sobre essas mágoas se tornar um hábito e sua voz soar como um pedido estrangulado de ajuda, saiba que alguma coisa está errada. Pare de falar dele, sua indiferença e seu cabelo de hamster. Ninguém o conhece. Na realidade, querem conhecer aquela que tanto se empenha em descrever as próprias desilusões. Fale de você. Conte-nos seus prazeres mais insignificantes ao correr descalça, olhar a chuva ou cantar no banho. São essas bobagens que arrancarão os sorrisos alheios, mais ainda, farão a menina dos sonhos perdidos encontrar-se, enfim.

sábado, 2 de outubro de 2010


Da série preciso disso agora - to de brinks, mas não é incrivelmente fofo?, 5 coisas encontradas por aí.

1. Despertador do Pac Man
2. Câmera (sério mesmo, tira foto né?!) em forma de biscoito
3. Fones de ouvido
4. Plantinhas dentro de lâmpadas (você só precisa deixá-las na luz e colocar água regularmente né?!)
5. Almofadas com desenhos divertidos

Franz Ferdinand


Escoceses, estilosos, talentosos e animados. Esses são Alex Kapranos, Bob Hardy, Nick McCarthy e Paul Thomson, os quatro rapazaes que formam o Franz Ferdinand.
A banda tem músicas com uma pegada mais dançante, inspirada naquele povo lindo dos anos 80, como Talking Heads, mas foi formada mais ou menos por 2003. Ganharam destaque mesmo em 2004, recebendo o Mercury Music Prize, prêmio no Reino Unido. Com clipes incrivelmente criativos, letras interessantes, um ritmo contagiante e uma atuação brilhante durante os shows, em pouco tempo Franz Ferdinand se tornou um fenômeno. Mas talvez existam mais motivos pro sucesso. Pra gravação do álbum mais recente da banda, Tonight, Alex Kapranos declarou que foram usados métodos, digamos, pouco convencionais. “Nós estávamos fazendo algo parecido na faixa ‘What She Came For’. Gravamos a guitarra nesse grande hall perto do estúdio e Nick subiu ao telhado e jogou o cabo do microfone para baixo. Quando fomos gravar, Dan estava balançando o microfone perto do amplificador de guitarra. O som ficou incrível.” Enfim. Tudo o que podemos dizer é que deu certo. Os três álbuns da banda até agora são o Franz Ferdinand (2004), You Could Have It So Much Better (2005) e Tonight: Franz Ferdinand (2009).


Deixei aqui alguns dos clipes que eu mais gosto. Vale a pena ouvir também No You Girls (que é extremamente viciante), Ulysses e This Fire.





Pra saber tudo sobre a banda é só passar no site Franz Ferdinand Brasil.