sábado, 25 de junho de 2011

Desatado


Mania boba a de esperar pra ser surpreendida. Eu bem sei que reviravoltas, embora sejam obviamente imprevisíveis, dependem de disposição - a minha, a dele. Sei também que essa última talvez nem exista de sua parte, afinal, ele não cria forças nem pra mudar os próprios maus hábitos, que dirá mudar o meu coração de vez. É uma sensação parecida à de uma marionete nas mãos de quem tem pouca habilidade, um alguém que enrola os fios, sacode, torce e distorce do jeito que quer, um titereiro nada criativo, um evidente desastre. Eu ficava aqui, sendo jogada de um lado pro outro, na maioria das vezes esquecida num canto afastado do palco, imaginando o dia em que suas mãos tomariam meus cordéis com desvelo e me dariam vida.
Dias assim nunca chegam, enquanto horas de espera demoram a passar. Por isso, faz um tempo que mudei minha perspectiva e até as conclusões confusas que normalmente sucedem tais palavras. É fundamental ter 'segundas chances', mesmo que muitas delas já tenham sido trocadas por terceiras, quartas, quintas ou décimas pra satisfazer a metáfora. A questão não é oferecê-las a outros, mas sim a si mesmo. Aprendi a me surpreender antes de querer algum tipo de reação por terceiros, principalmente quando arranjei coragem onde só havia torpor. Se você se cansou de entrelinhas, já te digo que o segredo está em cortar os fios e começar a caminhar ser medo de se enrolar nas vontades alheias.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Dear 16-year-old me


E se você pudesse contar pro seu antigo eu o final do filme, ou pelo menos mais uma parte da história? E se você pudesse fazê-lo evitar as mesmas bobagens e os deslizes que cometeu? A experiência nos ensina a não repetir o que não deu certo, é um passo adiante com a garantia de que você não irá tropeçar; o problema é que só o tempo é capaz de fazer com que o esse estoque de conhecimento e maturidade cresça, bem como você cresce um pouco mais a cada novo dia que se segue. Não é possível recolocar a folhinha do calendário arrancada ontem, e logo, logo será a hora de substituir a de hoje também. Atrasar os ponteiros do relógio não atrasa os ponteiros da vida. Por isso, um grupo de canadenses e americanos que foram marcados pelo melanoma, um tipo grave de câncer de pele, participou de uma campanha em alerta ao problema. Essas pessoas generosamente dividiram um pouco de suas experiências pra mostrar que o que ficou no passado pode ajudar a tomar conta do futuro - uma verdadeira lição de vida.

domingo, 12 de junho de 2011

Reduzido a pó


Assim tem sido ultimamente - mesmo depois de fechar mais um capítulo e passar por tudo o que essas linhas acabam presenciando mais cedo ou mais tarde, só o que me resta é uma frase sem suporte nem contexto, um insight que morre tão rápido nas circunstâncias quanto nasce no pensamento. Tive milhões de ideias brilhantes e outras um tanto bobas nos últimos 5 minutos, mas nenhuma delas durou o bastante pra chegar até quem chegou a essa vírgula, como também nada tem durado muito pra mim.
Parece que as pessoas são como ciscos, estão sempre de passagem, talvez por estarem sempre perdidas; a diferença sutil aparece quando uma ou outra lágrima se espreme pelos olhos sem pedir permissão: as pessoas têm a culpa, os ciscos são a desculpa.
Ele era esse tipo de poeira despercebida que invade os olhos, incomoda, arde, irrita. Ao esfregar, corri o risco de me cegar por completo ou ter a vista embaçada por lágrimas durante um longo tempo... hoje sei que certo mesmo foi não insistir. O vento que o trouxe soprou esse argueiro em outras direções, e ainda que alguns minutos fossem necessários pra normalizar o vermelho dos olhos, acho que contornei esse pequeno imprevisto enxergando até melhor.

sábado, 4 de junho de 2011


Certo seria se o maior dos objetivos fosse ficar tudo bem no fim das contas, mas depois de um tempo - e muitos tropeços - você descobre que esperar por alguém não significa correr atrás da felicidade.
Olhando pelo outro lado, esse que seria o lado bom, acabei encontrando quem olhava por mim. Eu, que vivia repetindo o primeiro parágrafo como um disco arranhado por mais alguém indo embora da minha vida, ouvi em suas palavras que o espaço reservado a ele no meu coração jamais seria desocupado. Então, pra que contar os vazios remanescentes do que não deu certo se 'nada' foi tudo o que tive de quem eu não tive? Ele estava lá por mim, como esteve em todas as vezes, e não tenho motivos pra duvidar que assim vai ser ainda que haja uma eternidade por vir. Pra ele, guardo sempre o melhor sorriso do dia e a maior amizade do mundo. E como seria diferente? pra ele que é meu irmão, anjo da guarda e companheiro, sem nem cobrar hora extra, sem se cansar de me fazer feliz.

Esse texto é dedicado ao meu melhor amigo, uma promessa que fiz a ele e já estava passando da hora de cumprir. Espero que goste.