Confesso que não entendi direito o que estava acontecendo.
Fiquei lá, olhando pela primeira vez a página 590, meio abobada, meio ansiosa, com um nó sufocante no fundo da garganta.O fim estava bem ali, no último ponto final daquela folha.
Tudo estava bem.
Não, não estava não. Li uma, duas, dez, cinquenta vezes a última frase. Onde estava o resto? E o que acontecia depois? Nos acostumamos a ter sempre uma nova linha pela frente. Nos acostumamos a sorrir e chorar com o garoto da cicatriz na testa, a seguir seus passos. O fim parecia algo muito, mas muito distante, e havia sempre o conforto de um novo livro pela frente. Agora, não havia mais nada além daquele último ponto na página 590. Não sei como aconteceu, mas passou rápido demais.
O final chegaria. Mas nunca pensei que fosse me sentir tão... vazia. Uma parte de mim ficava ali, junto com aquele encerramento. Uma perte enorme, que esperava o tal garoto da cicatriz entrar mais uma vez no Expresso de Hogwarts ou jogar mais uma partida de quadribol. Enquanto 19 anos voaram na frente dos meus olhos, fiquei parada no tempo, desejando infantilmente voltar ao armário embaixo da escada e começar tudo de novo. Chorei, mas não foi de tristeza.
Foi de orgulho, por ter acompanhado Harry até o fim.