quinta-feira, 30 de setembro de 2010


Dou tempo ao tempo, seguro as palavras, mantenho o controle. Poderia te perguntar a qualquer momento o mesmo que te perguntei há alguns meses, esperando igualmente esperançosa por uma resposta que nunca veio. Não foi o que eu esperava. Queria terminar aquela conversa com um sorriso nos lábios e o coração leve, preenchido apenas pelo maior dos amores; tudo que você me deu foi uma sombra no rosto e motivos pra não desejar nunca mais sua imagem tomando conta dos meus sonhos.
Mas eu perguntaria. Mais uma vez, eu perguntaria quem era aquela que tanto te fez mudar, a dona do seu suspiro mais distante, aquela que te incomodava, por quem você sofria, a quem você escreveu versos de músicas que ela não conhecia, seu último pensamento antes de fechar os olhos e adormecer. Como eu queria que sua resposta fosse diferente. Você não disse meu nome na primeira vez. Agora, eu queria muito acreditar que você mentiu. Queria que você olhasse nos meus olhos e confessasse que não foi sincero, queria que tivesse medo de me perder, que fizesse de tudo pra não me deixar escapar, não agora que pode contar as batidas do meu coração por outro alguém.
Já não sei o que fazer. Se por um lado começo a seguir em frente guiada por outras mãos, por outro estou presa a algum lugar em que sua voz insiste em ecoar, onde sei que é quase impossível te esquecer.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Exceção


Descobri que existem muito mais motivos pra não dar certo. O amor acaba, é a mais pura verdade. Entendi que ele termina nos detalhes, nas pequenas faltas que se acomulam, na essência que vai ficando pelo caminho. No que vai sendo deixado de lado. E assim, nas maiores infelicidades, ele finda.
Há amores que acabam sem ter começado direito, há amores que nem deviam ter começado. Há antigos, longos e arrastados amores, que se estendem quando não existe mais sentido e tudo que esse sentimento consegue causar nos envolvidos não passa do desgaste, puro desgaste. Amores incondicionais, amores platônicos, amores infindáveis, amores eternos... tantos deles guardados em um canto empoeirado do passado, sem perspectivas de retorno.
E não posso evitar me fazer essa pergunta; teriam os meus amores, melhor dizendo, o meu amor, tão abstrato, tão distante e tão idealizado, alguma chance de acontecer?
A realidade é que apenas os verdadeiros amores, não os infindáveis, mas sim os sinceros, apenas esses sobrevivem. Todos os dias, essas almas encontram motivos pra se apaixonar de novo. Então por que as nossas não conseguiriam? Creio que esses motivos não ficam jogados por aí, só aqueles que realmente procuram, desejosos de encontrar, chegam a eles. Sinceramente, nas vezes que procuro pelos motivos que me fazem dizer aquele 'oi' desajeitado todos os dias, encontro apenas ele, e descubro que não tenho razão aparente pra amá-lo. Ao contrário, tenhos todas as razões do mundo pra não levar isso adiante. Ainda sim, prefiro criar desculpas esfarrapadas pra sempre e sempre voltar a seus braços.

sábado, 18 de setembro de 2010

Not this time...


Não, não acabou. Ele ainda está lá, e eu ainda sinto algo inexplicável por ele, uma mistura de amor, carinho, cumplicidade e amizade. Acho que o silêncio não foi por falta de palavras, mas sim de oportunidades para dizê-las nesses últimos dias tão complicados em que lamentei sinceramente sua ausência pra me dar algum conforto e me fazer sorrir.
Só sei que, ao que parece, o "The End" vai ter que esperar, quem sabe por muito e muito tempo. Por mim, ele nem precisa acontecer.

The end


E eu me culpo e me descabelo por ser tão fraca, tão imatura e por não ter palavras o bastante. Quantas coisas eu queria ter dito antes de gastar todos os sorrisos que eu tinha... eu, que achei que pudéssemos falar e falar pra sempre, como se isso te mantivesse aqui e te fizesse pensar dois minutos em mim.
Mas chegou um dia em que não havia mais o que dizer.
Você já sabia de tudo, até das minhas maiores infantilidades e de meus medos estúpidos, e eu achei que também te conhecia, com seus defeitos e qualidades, sim, que fiz questão de encontrar, porque sabia que existiam. Mas não lembro direito do seu rosto. Não importa, não era ele que eu esperava ansiosamente encontrar todos os dias. O que eu esperava eram suas frases mais desconexas e erradas, pois foi com elas que eu constuí dentro de mim um lugar que era só seu. Esse é o meu jeito de dizer 'eu te amo'.
E agora, não tenho mais o que contar. Perdi as frases erradas, perdi o brilho dos olhos. Até agora, não sei se alguma coisa valeu a pena pra você. Pra mim... bem, você me conhece. Se estou escrevendo, é claro que valeu muito a pena.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010


Tem horas em que não conseguimos pensar em mais nada a não ser deixar as coisas como estão, talvez por tudo estar dando certo ou errado demais pra tentar algo diferente. Fato é que acabamos acomodados, presos a uma situação por vezes não muito confortável, mas ainda sim suficiente. Suficiente quando não há motivo pra mudar, suficiente quando não há forças pra tentar essa mudança - muito menos pra querer qualquer coisa que não seja um canto sossegado pra você e seus pensamentos. Nem sempre você "está bem assim", mas prefere estar bem do seu jeito, pois cada um sabe o limite de sua dor e a parcela que ela consegue ocupar naturalmente dentro de si. Talvez o ideal seja alguma coisa como o meio termo entre o não suportar e o felizes para sempre, o ponto "perfeito" em que deveríamos estar pra não ter que buscar, na dor incontrolável ou na alegria eterna, esse alguém que se acomodou em nossas vidas.

domingo, 12 de setembro de 2010

Cacos


De uma maneira engraçada, você ainda me persegue. Sei que você não está aqui e talvez se sinta bem melhor do que eu por isso, mas, mesmo sabendo que é só uma vaga ilusão, quase posso te tocar. Curioso é te encontrar de novo sem motivo aparente, nos rostos, nas calçadas, no céu e até nesse vento gelado de outono. Às vezes, sinto como se seus olhos ainda pudessem me ver e suas mãos me guiar, uma caricatura barata do que um dia sua presença física significou; às vezes, é como se a lembrança da risada despretenciosa viesse apenas pra quebrar o meu gelo, nas horas mais oportunas, como um pretexto pra me fazer sorrir também.
Você não é um atraso, ou um fantasma que aparece só pra me confundir e pertubar a pouca sanidade que me resta. Você é parte dessa essência de cada suspiro de alegria que consigo dar, é o personagem principal de alguns textos que fiz e guardei na gaveta bagunçada, é um, dois ou três cacos no mosaico que construí acordando todas as manhãs pra viver um novo dia. E esse mosaico não seria completo sem a parte que lhe cabe.
Se hoje sou quem eu sou, também sou uma parte de você.

sábado, 11 de setembro de 2010



E sempre, em algum momento do reencontro, te dizem que você mudou. Está diferente, não é mais aquela garotinha engraçadinha que destruía a casa com seu incrível velotrol, ou a menina de óculos e aparelho de algum - ou muito - tempo atrás. Você parece mais madura. Esboça no rosto os traços de alguém mais decidido, confiante e ciente do que acontece a seu redor. Parece que, nesse meio tempo em que se distanciaram, muita coisa aconteceu em sua vida, coisas suficientes pra que você merecesse esse sorriso e esses olhos de quem não se deixa intimidar, de quem não é manipulável.
De um modo geral, você não mudou tanto assim. Ainda é imprevisível e tempestuosa, às vezes, ainda gosta das mesmas porcarias inúteis que ninguém entende e que você guarda como se fossem pequenos tesouros, ainda lê muito, ainda chora por quem não precisa de suas lágrimas e, principalmente, ainda sente saudades. Mas agora, quando o outro finalmente voltou, agora que finalmente está aqui, talvez você possa dizer pra si mesma que ficou diferente. Afinal, aquele aperto que você tinha no peito e que preenchia um espaço enorme em sua vida desapareceu. A saudade se esvaiu, e deu lugar a um contentamento desmedido.
É. Pensando bem, você é quase outra pessoa.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Rock'n Roll


“Rock’n’roll é tão fabuloso, as pessoas deviam começar a morrer por ele. (...) As pessoas simplesmente devem morrer pela música. As pessoas estão morrendo por tudo o mais, então por que não pela música? Morrer por ela. Não é bárbaro? Você não morreria por algo bárbaro? Talvez eu deva morrer. Além do mais, todos os grandes cantores de blues morreram. Mas a vida está ficando melhor agora. Não quero morrer. Quero?” - Lou Reed (ex-Velvet Underground)


Rock é uma das poucas coisas que conseguem transformar as pessoas, que fala exatamente o que sentimos e com toda a intensidade desse sentimento, que faz jus ao que temos de melhor e de pior. Vejamos como chegamos a esse ponto.
O rock nasceu no final da década de 40 e início dos anos 50, pela mistura da música negra do sul dos EUA com country, fazendo um ritmo rápido, diferente de tudo que já tinha aparecido até então. E quem é que dá o ar de sua graça? Elvis Presley, aquele mesmo, do topete e sorriso de galã. Elvis marca os anos 50 com o rock dançante, agitado, que até hoje é, no mínimo, muito bom.
Na década de 60, vem o papo da rebeldia e da transgressão (leia-se 'o foda-se'), e quatro moleques atrevidos de Liverpool descobrem que se enquadram perfeitamente nesse perfil: John, Paul, George e Ringo. The Beatles. Ah, pra não falar naquele povo lindo, tipo The Mamas & The Papas, The Who, Pink Floyd, Rolling Stones e The Doors.

Lá por 1970, uma mente brilhante inventa o videoclipe e aparecem bandas com uma batida mais pesada: Led Zeppelin, Black Sabbath e Deep Purple. AC/DC, os tios mais incríveis do rock, se formaram nesse meio tempo, em 1973. O Queen também faz bastante sucesso na época, com aqueles shows muito dignos que o Freddie Mercury dava.
Nos anos 80 teve de tudo. O rock passou a ser representado por gente que ia desde Talking Heads, The Clash, The Smith e The Police a U2. Michael Jackson não fazia rock, mas era foda, todo mundo gostava e veio dessa época também. Enfim.
Muita gente não gosta dos anos 90 e diz que foram uma verdadeira perda de tempo. Eu discordo completamente, afinal meio mundo é hoje viciado em Red Hot Chili Peppers, R.E.M., Pearl Jam, Oasis e Green Day. E com razão. Tem coisa mais tops que o Flea tocando Californication e que o Noel tocando Don't Look Back in Anger?
Depois disso, a gente sabe o que aconteceu. O rock se tornou essencial na vida de pessoas como eu e, provavelmente, você também.
Talvez eu não tenha tempo de ver as próximas gerações crescerem, todos os grandes apaixonados por rock vão morrer. Mas o rock é eterno. Não quero morrer. Quero?

sábado, 4 de setembro de 2010


Tavez fosse a cara que ela fazia. Ah, aquela expressão fascinada, os olhos brilhantes, o sorriso desenhando-se lenta e deliberadamente no rosto... era assim que ela ficava quando contava coisas que ninguém pedia pra ouvir, mas que todos escutavam com olhos tão brilhantes quanto os dela.
Ela desenhava no ar, tateava o vento e criava figuras com as mãos. Procurava no céu algo substancial que desse mais forma a suas ideias, como se quisesse que o mundo inteiro visse aquilo que ela contemplava só com o pensamento. Tentava controlar a própria voz, pra não gritar. Mas às vezes sussurrava, e seu fio de voz chegava mais longe que qualquer grito.
Aliás, nunca escolheu as palavras certas. Não escolhia direito nem a roupa que ia usar. Então, não usava as melhores palavras, apenas as que sabia. E, sem perceber, carregava cada uma com um suspiro profundo, um leve esganiçar, uma risada, uma admiração ou um pesar que saía de algum lugar do coração. Era dotada de talentos sutis, e um deles era justamente o de não saber nada e entender tudo, com uma clareza que só seus gestos descompassados e seus olhos desfocados conseguiam explicar.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010


Só acontece quando estou feliz.
Às vezes, e eu não faço ideia do motivo, muitas lembranças aparecem só por aparecer na minha cabeça. Talvez seja mais um jeito de nunca me deixar esquecer do que realmente valeu a pena nessa vida, do que, até então, estava guardado em um canto empoeirado dos meus pensamentos. Mas esse 'o que valeu a pena' não são os grandes sonhos - realizados ou não -, mas sim cada pequena maravilha que, de alguma forma, fez parte deles.
É a sala bagunçada e cheia de gente da minha 3ª série, os dias de Cosme e Damião em que aquele bando de crianças saíam pra uma verdadeira guerra por doces, os joelhos ralados, as várias vezes em que vi meu dedão do pé esquerdo ensanguentado eca depois de chutar o chão jogando bola e o 6 vezes 9 que eu sempre achava que era 56. Enfim.
Nem preciso falar daqueles que, ainda hoje, constroem memórias que vou levar no coração pelo resto da vida. São essas pessoas a quem não mereço, tão especiais que receberam um nome diferente. Amigos.
Esses foram meus momentos inconscientes de alegria inclusive o dedão do pé e aquela coisa toda, que aparecem do nada e voltam pro nada em que estavam, não sem antes me lembrarem de como a felicidade é efêmera.