domingo, 28 de agosto de 2011

[A]posto


Só chegamos à conclusão correta quando os poréns acabam e paramos de aumentar os pontos e de ver mais que a realidade. Por mais que o mundo te dê 2 ou 3 motivos pra chorar, nunca faltará uma boa razão que devolva os sorrisos amuados nos detalhes bobos - e bem espaçosos pra encher nossos pensamentos e tomar suas preocupações. "A vida é difícil", nem sempre dá pra evitar, mas prefiro acreditar que certos são os que dizem que "a vida é boa, nós é que inventamos os problemas". Tomara que eu só esteja colocando apostos demais e, sem querer, dificultando a mensagem que devia ser simples de entender; que a confusão na minha cabeça não seja reflexo do mundo, mas o contrário. Porque se o problema está realmente aqui dentro (ainda que assim seja mais difícil de enxergar), estou mais perto de consertá-lo do que se estivesse em outro dos 7 bilhões de confusos alguéns.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Pra ser assim




Seria mais fácil justificar os encontros e desencontros se houvesse um encarregado trabalhando como cupido em tempo integral, uma vaga aparentemente preenchida pelo tal que eles costumam chamar de destino, ao qual tantos confiam suas esperanças quando o aqui e o agora parecem não sair do lugar. Já fui desses que encaram o relógio a cada 15 minutos e veem que só se passaram 3, mas o tiquetaquear dos ponteiros na minha cabeça me fez pensar se realmente existe algo que 'era pra ser' ou se tudo o que queremos é ter quem encontrar. Sinceramente, somos feitos de esbarrões por aí - uns não rendem mais que tropeços, outros nos desequilibram e nos fazem cair no caminho de alguém. O destino que alenta toda paciência do mundo ao mirar os segundos, como que tentando empurrá-los mais depressa, feito de olhares e oportunidades cuidadosamente escolhidos para atender aos desejos de cada um, só serve a quem o acaso não serve mais, esse acaso que é um grande dar de ombros construído de idas sem vindas e vindas sem hora nem vontade de voltar.
No fundo e aos esbarros, me basta continuar andando.

sábado, 6 de agosto de 2011

Histórico


Parece que as palavras antes ditas estão desbotadas como as fotos caídas a um canto da prateleira, que alguém considerou guardadas apenas por descuido. Já não escrevo pelos mesmos motivos, nem com a mesma intenção, com o mesmo jeito ou os mesmos verbos. Hoje, vejo de longe e meio desconfiada o produto do que um dia me deu vontade de dizer, numa época em que o fio da meada facilmente se tornava um nó. Por falar nisso, já fui mais fiel ao que sentia, um nó, que, para minha sorte ou azar, acabou desenrolado. Sobravam assuntos, faltavam razões - entre muitas outras coisas. Aliás, de falta foi feito meu histórico, na construção e no enredo, mas, principalmente, nos personagens. Fui narradora por não ter escolha, por saber que ninguém de fora poderia contar o que se passava aqui dentro, e assim fiz as vezes da primeira pessoa que sempre reclamava por não ser a primeira pessoa, de fato. De onisciente nunca tive nada, embora acreditasse que era muito senhora do meu nariz pra saber onde metê-lo (mas apenas acreditasse). Como alguém que encontra velhas recordações por acaso, posso enxergar o antes com os olhos de quem sou agora, soprando a poeira pra manter conservada uma lembrança que, mesmo imperfeita, só existe pela certeza de um momento vivido. Essas antigas e gastas palavras serão recolocadas no mesmo canto de prateleira, disponíveis a quem estiver disponível, à mercê de quem a memória já trai.