sexta-feira, 15 de abril de 2011


Despercebidamente, cada coisa é colocada em seu devido lugar. Parece que a organização é uma parte fundamental no caos do dia a dia, desse jeito contraditório. Assim, enquanto tudo se ajeita, sou levada a seguir a ordem e entrar nessa espécie de prateleira onde livros completamente diferentes compartilham um espaço cuidadosamente separado, guardando histórias únicas que, em meio a tantas e fechadas em suas páginas, não saltam realmente aos olhos. Eu sou mais uma, alguma outra.
Esse meu quarto bagunçado não é apenas fruto do descuido que carrego desde sempre. É um dos poucos lugares em que eu existo em todos os cantos, nos casacos jogados, nas folhas perdidas, na montanha de livros, nos desenhos e bilhetes pregados na parede, canetas, chaves, moedas, enfeites, travesseiros e porcarias que não serviriam a mais ninguém. São nessas besteiras que me agarro e é nelas que me escondo. Ainda que ocupando o meu habitual e incômodo pedaço de prateleira, pra mim basta o quarto mal arrumado pra dar vida à minha história, igualmente desajeitada.

2 comentários:

  1. a comparação da vida/convivência com uma estante de livros empoeirada foi fod*!

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  2. É por isso que muita gente tem vivido por osmose.. simplesmente passando. Vida? Nem pensam nisso...Sonhos? Nem sabem o que são ou o que um dia representaram...

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