segunda-feira, 23 de maio de 2011

Esse tal


Querido tal,
Só vim me despedir. Estou começando pelo que deveria ser o fim - nada mais adequado a uma história que nunca chegou nem ao "Era uma vez...". Já devia ter dito isso, mas quando não me faltava coragem, me faltavam as palavras. Agora percebo que só precisava de uma: Adeus.
Por muito tempo - ou seriam muitos textos? - você foi esse tal que ocupou meus pensamentos e se fez presente mesmo na ausência, um sem querer que eu quis demais, tanto que depois do último ponto final você ainda não será capaz de imaginar. Tanto que eu podia querer sozinha, ou por nós dois. E é por isso que te escrevo agora, não pra dizer que vou continuar esperando pelo dia em que você dividiria esse querer comigo, mas pra mostrar que, por maior que ele fosse, nunca seria de fato amor. Pra isso, um só não é o bastante, e o meu frágil coração, esforçado como sempre, não daria conta do recado. Especular sobre o que poderia ter acontecido num passado distante é algo sem sentido e prefiro não fazê-lo. Não foi, passou.
Desculpe-me pelos transtornos, talvez tenha te confundido ao carregar seu nome de raiva e não muito depois deixá-lo escapar apenas pelo prazer da lembrança. A inconstância dos meus sentimentos sempre foi inversamente proporcional ao quanto eu pensava em você. Por isso, não estranhe se sumir de repente; vim te informar que vou arrumar a casa, mas você está de mudança.

Até - breve, tarde ou nunca mais.

4 comentários:

  1. "A inconstância dos meus sentimentos sempre foi inversamente proporcional ao quanto eu pensava em você."

    por que tem que ser assim?!

    a única coisa constante aqui é o jeito com o qual você consegue arranjar as palavras, uma ao lado da outra, como um maestro que reje maravilhosamente uma orquestra

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  2. posso roubar esse texto pra mim?
    tudo o que eu to precisando dizer e nao consigo, porque falta coragem ou as palavras mesmo, voce colocou aí.

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