quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Bergson


Ela agora esparramava seus porquês sobre a mesa não na esperança de achar um motivo, mas algo que mais parecia um pretexto. Pra quem aprendeu muito cedo a dar a mão à inteligência pra não andar por aí tropeçando no vento, ela estava se saindo muito bem, obrigada, até experimentar aquela curiosa sensação de saber exatamente o que é certo, mas ter a impressão de que o certo  não é exatamente o que se sabe. E mesmo querendo dar de ombros e seguir a intuição que nem lembrava de ter guardado em si, ela precisava prestar contas à consciência, fingindo que há muito não tinha despachado a tal inteligência de mala e cuia pela estrada afora. Mas o que dizer de alguém que se planejava até pra ser impulsiva? A pergunta ecoou em seus ouvidos e percorreu sua cabeça abarrotada de respostas sem encontrar uma que servisse. Talvez o conhecimento não pudesse fazê-la entender tudo e vida fosse além das verdades construídas depois de muito calcular. "Alguma coisa me diz..." - dessa vez, ela resolveu escutar.

2 comentários:

  1. "Mas o que dizer de alguém que se planejava até pra ser impulsiva?" Só esse questionamento já daria um outro texto... =]

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  2. "Mas o que dizer de alguém que se planejava até pra ser impulsiva?" +1

    Ó, vida...

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