sábado, 25 de fevereiro de 2012

Amor


[E como não seria?
É ele, pois nunca me imaginei outra coisa que não eu só. É ele, porque nunca esperei nada que não fosse o meu próprio futuro, a minha independência, os meus sonhos e os planos que construí encimados em mais ninguém, enquanto as boas meninas suspiravam em coro pelo quanto antes possível dia de se verem radiantes em vestidos brancos, braços dados com uma galã exalando luz e perfume Kaiak, chamando uma casinha com cerca bem pintada de lar. É ele, pois eu revirava os olhos aos príncipes e generalizava a vida em sapos seguidos de sapos. De sapo em sapo, se fazia certeza que por mim e pra mim seria feito tudo que houvesse amanhã. É ele, porque ele não estava sequer entre as últimas coisas que eu podia querer um dia.
E quem sou eu agora pra imaginar outra coisa que não nós dois. Se espero por amanhã, é por razão e circunstância tão bem definidas quanto são nome e sobrenome. Quanto antes possível seja o dia em que estarei ao seu lado e, ainda que eu dispense os altares e sonhos regados a glacê, de braços dados pro daqui em diante. Pois é ele, pre-sen-te, com todas as sílabas e sentidos pra não deixar dúvidas, já que passado, aquele passado tão meu que me sufocava o futuro, já não existe mais. Amanhã será por nós. E como não seria? Príncipe, sapo, é ele. E é tudo que eu preciso chamar de meu.]

Humor


Todo o crédito a Oswald de Andrade. Quanto às entrelinhas... cada um sabe das suas.

Um comentário:

  1. Pqp, hein? Pára com essa p*rra de ter idéias e saber colocá-las no papel genialmente.

    "enquanto as boas meninas suspiravam em coro pelo quanto antes possível dia de se verem radiantes em vestidos brancos, braços dados com uma galã exalando luz e perfume Kaiak, chamando uma casinha com cerca bem pintada de lar."

    Sem mais.

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