domingo, 9 de maio de 2010

Incomum


Às vezes eu me pergunto o que é que estou fazendo aqui. Olho pras outras pessoas e vejo nelas uma figura concreta, tão racional e aparentemente tão sã que chego a pensar no meu possível defeito. Ou defeitos.
Eu não sou igual. Eu sou uma garota que não gosta de rosa, não ouço boy band e não sei andar de salto. Eu não sei controlar o riso, não sei consolar, e odeio que me tratem como alguém que precisa de cuidado o tempo todo. Não sou frágil, mas choro rios de lágrimas, principalmente quando estou morrendo de raiva. E chorar na frente dos outros me deixa indignada comigo mesma, por não ser suficientemente controlada, por não ter domínio nem sobre mim, que dirá sobre meu coração. Aliás, não sei gostar. Não sei a medida certa entre o que é bom pra mim e o que me machuca. Não sei dizer "eu te amo" sem tremer a voz. Não sei sambar, quase já furei o olho tentando passar rímel e uso uma fitinha laranja toda esmiuçada no braço. Não sei sequer fazer uma trança no biscoitinho de nata. Troco uma festa badalada por um canto quieto no meu quarto e um amontoado de livros pra noite toda. Não preciso fechar os olhos pra sonhar, nem abri-los para enxergar direito as coisas. Às vezes, tento sem sucesso abraçar o mundo todo com meus braços tão curtos. Assisto jogo de futebol com duas camisas do Flamengo, uma bombinha e um terço. Amo comer pizza com minhas amigas e amo ficar sem ar rindo com elas. Fico com a cabeça vazia e com o coração cheio de algo que não sei descrever toda vez que paro minha vida pra olhar a chuva. Penso em todo o tipo de coisa antes de dormir. Cismei que uma estrela que aparece sempre no mesmo lugar na janela é minha, e faço o mesmo pedido a ela todas as noites: amar com tanta intensidade minha família e meus amigos que possa fazê-los felizes, alegres, mesmo que por dois segundos. Não sou fresca, tenho joelho ralado e já caí de bicicleta mais do que andei em cima dela. Não consigo disfarçar, nem parar de alimentar esperanças mesmo quando tudo diz que vai dar errado. As palavras fazem gato e sapato de mim, teimam em não ser ditas direito quando preciso, teimam em se esconder quando procuro alguma que seja suficiente.
Não sei se é só comigo. Talvez eu seja uma louca no meio de tantos perfeitos, ou, quem sabe, mais uma que resolveu falar.

3 comentários:

  1. ...miiigaaa, que PERFEITO!!! ameiii! vocÊ escreve MUITO bem! ta dE parabéns, seu blOg é tuDo! *--*
    beiijos, e eu te amo irmã! ♥

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  2. eu me orgulho a cada dia mais por você ser algo que é mt raro de achar hoje: amiga.

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  3. E eu me orgulho por ter encontrado uma dessas pessoas tão raras... te adoro migs! Brigada!

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