sábado, 25 de junho de 2011

Desatado


Mania boba a de esperar pra ser surpreendida. Eu bem sei que reviravoltas, embora sejam obviamente imprevisíveis, dependem de disposição - a minha, a dele. Sei também que essa última talvez nem exista de sua parte, afinal, ele não cria forças nem pra mudar os próprios maus hábitos, que dirá mudar o meu coração de vez. É uma sensação parecida à de uma marionete nas mãos de quem tem pouca habilidade, um alguém que enrola os fios, sacode, torce e distorce do jeito que quer, um titereiro nada criativo, um evidente desastre. Eu ficava aqui, sendo jogada de um lado pro outro, na maioria das vezes esquecida num canto afastado do palco, imaginando o dia em que suas mãos tomariam meus cordéis com desvelo e me dariam vida.
Dias assim nunca chegam, enquanto horas de espera demoram a passar. Por isso, faz um tempo que mudei minha perspectiva e até as conclusões confusas que normalmente sucedem tais palavras. É fundamental ter 'segundas chances', mesmo que muitas delas já tenham sido trocadas por terceiras, quartas, quintas ou décimas pra satisfazer a metáfora. A questão não é oferecê-las a outros, mas sim a si mesmo. Aprendi a me surpreender antes de querer algum tipo de reação por terceiros, principalmente quando arranjei coragem onde só havia torpor. Se você se cansou de entrelinhas, já te digo que o segredo está em cortar os fios e começar a caminhar ser medo de se enrolar nas vontades alheias.

6 comentários:

  1. Ótimo texto! Verdade que precisamos nos dar segundas chances e nos surpreender... Esperar dos outros é quase tolice.

    beijinhos, boa semana! :*

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  2. Fantástico!!
    "A questão não é oferecê-las a outros, mas sim a si mesmo." Eu aprendi isso também! :D

    http://thaisacorrea.com/b/

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  3. Você chegou a ler "A Cidade do Sol"?
    Aliás, você tem cara de quem lê bastante, porque escreve muito bem! :)


    http://thaisacorrea.com/b/

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