sexta-feira, 5 de novembro de 2010

A caixa


Posso observar as pessoas escreverem e escreverem. Falam de vidas diferentes, nem sempre as suas, por vezes criadas, vidas felizes, vidas tristes, pessoas boas, pessoas ruins. Escrevem sobre tudo. Leio cada uma de suas palavras e admiro a sensibilidade depositada nelas. E é comparando essa sensibilidade às minhas desembestadas, esquisitas e insossas ideias que fica evidente a minha falta de jeito.
Não paro pra pensar no que dizer, não paro pra parar e poder contar que fiz isso, não vivo pra virar um conto de fadas ou uma tragédia. Minhas brilhantes deduções do óbvio são construídas em dois tempos de História numa quarta-feira qualquer, tão sem importância quanto toda quarta-feira, sempre entediante. Falo de mim porque não consigo falar dos que amo e fazer-lhes justiça no quanto são maravilhosos, nem falar dos que odeio, pois depois de 5 minutos não consigo me lembrar do mal que me fizeram. Inventar personagens é muito fácil, são outras vidas, que nem chegaram a nascer, mas as quais conheço muito profundamente, pois só existem pra mim. Bem-vindos ao cubículo onde começam as minhas desventuras.

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