sábado, 14 de janeiro de 2012

Metalinguística



            É complicado.
            Sei que essa não é a melhor forma de começar um texto, mas sempre encontro dificuldade pra fazê-lo e prosseguir como se as palavras fossem naturais, quase prontas pra serem escritas, quase predestinadas a estarem aqui. Não funciona bem assim. Às vezes, simplesmente não funciona mesmo. Então, vamos deixar de lado as introduções (especialmente essa mal feita que você acabou de ler) e ir logo aos enfins do meu caso.
            Coisa que também não é assim tão simples.
            Passar ao menos dois bons parágrafos juntando as ideias, jogando joguetes de palavras aqui e ali, te fazendo pensar a respeito, despertando a curiosidade onde talvez só houvesse desinteresse e nada mais útil a fazer... quem dera fosse fácil. Mas é. Não pra mim, sinto dizer. Pra outros, mais habilidosos e atentos que eu. Apenas engano bem – bem, não é?
            Perdoe-me se cheguei a falhar.
            Fica a vontade de criar metáforas com simplicidade, como alguém que exemplifica um termo complexo se apoiando em situações banais. Me falta essa capacidade pra expressar do jeito difícil e parecer inteligente, mas também a de expressar do jeito fácil e fazer com que seja bonito. Assim tem sido desde ontem, ou há algum tempo, ou desde sempre. Vim na esperança de que hoje fosse diferente, pois ontem, ou há algum tempo, ou desde sempre é tempo demais vivendo – melhor, escrevendo – num meio-termo que nem em sua própria qualidade se decide entre bom ou ruim. É um estado intermediário que não preenche nem transborda, se mantém imparcial. Já te ocorreu que hoje talvez eu queira a sensação da sede ou do sufoco?
            Não sei se vou bem, sabe-se lá se, inconscientemente, vou de mal a pior. Minhas palavras mornas, nunca quentes, nunca frias, agora só fazem me incomodar quando sua neutralidade deveria ser um alívio. Elas param no meio do caminho, eu paro no meio do caminho e me permito a falta de uma continuação, por vezes, sem querer. Por mais pontos finais que eu consiga inserir, a conclusão é sempre algo que permanece vago acima da resolução contida num simples sinal gráfico. Encerra-se a frase, mas o pensamento... esse nunca se fecha. Não finalizo, que dirá com chave de ouro. Talvez mereça mesmo uma de latão pra premiar meu talento vagabundo de 'parar por aqui'.
            E parar por aqui.

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