domingo, 12 de setembro de 2010

Cacos


De uma maneira engraçada, você ainda me persegue. Sei que você não está aqui e talvez se sinta bem melhor do que eu por isso, mas, mesmo sabendo que é só uma vaga ilusão, quase posso te tocar. Curioso é te encontrar de novo sem motivo aparente, nos rostos, nas calçadas, no céu e até nesse vento gelado de outono. Às vezes, sinto como se seus olhos ainda pudessem me ver e suas mãos me guiar, uma caricatura barata do que um dia sua presença física significou; às vezes, é como se a lembrança da risada despretenciosa viesse apenas pra quebrar o meu gelo, nas horas mais oportunas, como um pretexto pra me fazer sorrir também.
Você não é um atraso, ou um fantasma que aparece só pra me confundir e pertubar a pouca sanidade que me resta. Você é parte dessa essência de cada suspiro de alegria que consigo dar, é o personagem principal de alguns textos que fiz e guardei na gaveta bagunçada, é um, dois ou três cacos no mosaico que construí acordando todas as manhãs pra viver um novo dia. E esse mosaico não seria completo sem a parte que lhe cabe.
Se hoje sou quem eu sou, também sou uma parte de você.

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